Análise - Scream Queens


          Scream Queens, a nova aposta de Ryan Murphy, Ian Brennan e Brad Falchuck, criadores de Glee e American Horror Story. A série surge com a premissa de misturar horror e comédia, no entanto, o episódio pareceu inteiramente um déjà vu de duas horas.
          A série conta a história de Kappa Kappa Tau, uma irmandade de patricinhas lideradas por Chanel Oberlin (Emma Roberts, American Horror Story), que vê o seu mundo cair quando a diretora Cathy Munsch (Jamie Lee Curtis, Sexta-Feira Muito Louca) anuncia que a irmandade será obrigada a aceitar toda e qualquer guria que queira fazer parte dela. Ainda assim, este é o menor dos problemas para Chanel e suas companheiras: Chanel Nº2 (Ariana Grande), Chanel Nº3 (Billie Lourd) e Chanel Nº5 (Abigail Breslin, Pequena Miss Sunshine). O verdadeiro terror surge quando uma entidade anônima decide adotar a "fantasia" do mascote da universidade, conhecido como The Red Devil, e iniciar uma série de assassinatos.
          O  primeiro episódio começa com um flashback de 1995, em que uma guria entra em trabalho de parte durante uma festa na KKT; as suas amigas decidem ignorar o problema, deixando la morrer e o bebê desaparecer misteriosamente. Este início nos faz acreditar que a identidade do serial killer  está relacionado com o que aconteceu há 20 anos atrás.
          O mistério é um bom ponto de partida, no entanto não foi o suficiente para levar Scream Queens num bom caminho. O primeiro episódio - e todos os outros - foi uma mistura dolorosa entre o clichê e o previsível, nos dando a sensação que tudo aquilo já foi feito antes.
          A criação das Chanels teve uma clara inspiração em Meninas Malvadas, só que desta vez é forçada demais. Emma Roberts, por mais boa atriz que seja, não tem cacife para liderar uma série como protagonista. Este conceito de "jovens loiras, bens vestidas e arrogantes" já está bastante esgotado e o restante das atrizes também não ajuda a série, pois todas elas tentaram muito encarar as respetivas personagens e a suas atuações não foram das melhores.


          A criação de The Red Devil pode parecer uma aposta perigosa, visto que essa ideia já foi posta em prática em Pretty Little Liars (Quem é a -A?). Um mistério deste gênero é sempre uma boa escolha, pois faz os fãs refletirem sobre possíveis suspeitos e nos prende à serie para descobrir a identidade do vilão.
          O gênero de terror surge, nos assassinatos que The Red Devil, ainda assim, os momentos de comédia e apresentação de um leque extenso de personagens terminam completamente o que poderiam ser de fato uns bons minutos de terror. Todos os assassinatos são carregados de forma exagerada e os gritos são tantos que se torna difícil levar este gênero a sério. Isto é especialmente evidente na cena em que uma personagem é atacada por The Red Devil ao mesmo tempo que troca mensagens de texto com ele. Ridículo.
          A temporada preocupou-se demais em caracterizar todas as personagens – que são tudo menos originais -, apresentando uma justificativa não muito boa para os motivos que The Red Devil pudesse ter para cometer os seus crimes A grande revelação da temporada, "QUEM É O RED DEVIL?" foi quase que óbvia após todas as mortes de pessoas do "núcleo central" da série. SPOILER: Adorei como as Chanels terminam!
          Scream Queens tem, no entanto, um ponto a seu favor: é uma série que tem os pés no chão. Nos dias de hoje, as tecnologias dominam a vida de cada um, todo e qualquer evento é uma boa desculpa para ser publicado em redes sociais. A série apresenta uma boa sátira em relação a esse assunto, retratando a vida de jovens no ano de 2015 e a forma como cada um reage diante uma série de assassinatos.

          Em suma, podemos dizer que Scream Queens não descolou da melhor forma. Apresentou narrativas já gastas, pegando partes daqui e dali que apenas nos lembram outras séries e filmes  (Halloween, Scream, Meninas Malvadas, etc.). As personagens são completamente clichês e a representação do elenco também não foi a melhor. O final de Scream Queens, tal como o resto da temporada, pouco surpreendeu. Uma revelação altamente previsível e um episódio mal construído equivalem ao que a série representou desde o início: desilusão. Resta saber se aquela última cena com Chanel e o Red Devil serviu apenas para despedida ou se significa algo para uma possível segunda temporada. (Espero que não!)

Gabriela Fogliato

"Nunca se esqueça de quem você é, porque é certo que o mundo não se lembrará. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para magoá-lo."

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