RESENHA: As Minas do Rei Salomão, Henry Haggard

          As Minas do Rei Salomão foi escrito em 1885 por Henry Rider Haggard (1856-1952). O livro é ótimo para estimular o gosto pela leitura nos jovens, pois a narrativa é rápida, não é um livro complexo e direta. É pura ação, como seria de esperar da narração em primeira pessoa pelo protagonista Allan Quatermain que, no início, se desculpa pela ausência de enfeites retóricos e de valor literário da parte de quem está mais adaptado ao uso da carabina que ao da pena. Além disso, o público-alvo do autor eram os jovens.

          Haggard escreveu sua obra na Inglaterra, mas inspirado em sua aventura quer durou cerca de 7 anos (1875-1882) na África do Sul, deixando o continente do início do neo-imperialismo europeu, a "Partilha da África", quando as nações "civilizadas" disputavam a "Terra Negra" entre si. A descoberta de diamantes em Kimberley (África do Sul, 1866) acelerou a exploração, e Haggard dá a voz à bruxa Gagula, denunciando "o vil desejo do coração do branco". Haggard também esteve na África durante diversas batalhas, o que lhe deu subsídio paa diversos de seus livros.

          As Minas do Rei Salomão é a primeira obra em inglês cuja história ocorre na África. É também considerado o primeiro livro do gênero "Mundo Perdido", no qual inspiraria outras ficções, como Indiana Jones (1981). 

          No livro, são mencionadas caçadas a elefantes, as caravanas de exploradores, as aflições do deserto e das serras geladas, as relações com os nativos (especialmente a astúcia do homem branco em explorar a supersticiosidade do nativo), uma revolução intertribal e, claro, a busca pelo tesouro perdido do rei bíblico Salomão. O capítulo II mostra uma ilustração do mapa desenhado com o próprio sangue pelo único europeu a encontrar as minas, um explorador português, que não vive pra contar história. Não é por acaso que o livro é um dos mais populares até os dias de hoje.

          
          Escrito na Era Vitoriana, o livro contém passagens que mostram o espírito da época, a ideia da superioridade da raça branca. Alguma vezes utiliza o termo cafre para se referir ao negro, palavra de origem árabe que significa infiel. No entanto, Haggard tem ideias avançadas para o seu tempo, argumentando, por exemplo, através de seu personagem Allan Quatermain, que "conheço cafres nus que são 'gentlemen' e conheço cavalheiros chegados de Inglaterra, com grandiosas malas e anéis de armas nos dedos, que não são", reafirmando a nobreza por caráter e não por nascimento.

          Por fim, além da diversão garantida pela aventura e pelo humor, o livro DEVE ser lido. Possui poucas páginas, é rápido de ler. Leiam, por favor!!

          








          

          De domínio público, original e tradução estão disponíveis n Projeto Gutemberg. 

Gabriela Fogliato

"Nunca se esqueça de quem você é, porque é certo que o mundo não se lembrará. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para magoá-lo."

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