ANÁLISE: Bates Motel 2ª Temporada


          Bates Motel é uma série derivada do aclamado filme Psicose, que aborda a juventude do icônico Norman Bates (eternizado por Anthony Perkins) ao lado da severa e dominadora mãe. O elenco da série conta com Freddie Highmore (A Fantástica Fábrica de Chocolates) como Norman Bates, Vera Farmiga (RAINHA, DIVA, KHALESSI e derivados) como Norma Bates, Max Thieriot (A Última Casa da Rua) como Dylan Bates, Olivia Cooke (Ouija: O Jogo dos Espíritos) como Emma Decody e Nestor Carbonell (Lost) como o Xerife Alex Romero.
          A segunda temporada começa com Norman confuso e de luto pelo assassinato da sua professora, Blaire Watson (Keegan Connor Tracy), e só fomos saber o desfecho dessa situação nos dois últimos episódios da temporada. Jogada escolhida para fechar a temporada, porém, não deu muito certo.
          A história de Norman com sua psicose é apenas citada em momentos chave. Ao invés de suas histórias, Bates Motel inseriu diversas sub-tramas à história principal durante a temporada, como o tráfico de drogas, alguns romances vividos por Norma, relacionamentos juvenis de Norman. Entretanto, percebe-se que foram tramas apenas para "encher linguiça", sem grandes momentos de tensão e expectativa. Aí tocamos em meu maior incômodo em relação a Bates Motel: a falta da palavra que deveria ser definidora da série, suspense.


          Carlton Cuse (criador da série), vindo de Lost, deveria se preocupar em colocar cliffhangers  (recurso de roteiro utilizado em ficção, que se caracteriza pela exposição do personagem a uma situação limite, precária, tal como um dilema ou o confronto com uma revelação surpreendente) a cada episódio. Entendo que precisa existir mais na série além deste arco dramático, só que meu incômodo não é em relação a isso, mas sim em relação a essas sub-tramas que se assemelham as novelas da globo do que a uma série de suspense.
          Com apenas 10 episódios (não que eu ache pouco,mas comparado à maioria das séries que geralmente possuem 22 a 26 episódios por temporada, é pouco), os criadores poderiam se dedicar a ter mais substância e menos sub-tramas. Bates Motel não é uma série que cativa o público logo de cara e ainda não conseguiu decolar. Os roteiristas estão com sérios problemas. Nessa segunda temporada, Norma está envolvida na política da cidade por conta de uma estrada que irá tirar o movimento do hotel. Além disso, ela se aproxima cada vez mais do Xerife Romero e inicia um tipo de romance com um novo personagem (que eu não gostei muito), irmão de uma amiga (Michael Vartan). Ou seja, ela não tem o propósito que deveria ter, visto que ela é o principal fator da psicose do seu filho.
          O caso de Bradley é muito tenso, papel da bela Nicola Peltz, que funcionava como a patricinha popular do colégio. Durante a primeira temporada ela figurou sem ter muito peso. Acredito que sua mínima participação nessa temporada deve-se à participação da atriz em Transformers: A Era da Extinção". Não que a sua personagem tivesse muito o que colaborar com a história.


           Em seu lugar, entrou Cody Brennan (Paloma Kwiatkowski). Acreditava-se que ela seria uma personagem forte na série, já que ela estava em uma fase explosiva, perigosa e inconsequente da vida. E também seria bom para equilibrar o triângulo amoroso que envolve Norman e Emma. Outra que deu as caras nessa segunda temporada, e talvez seja mais importante, é Jodi Wilson (Kathleen Robertson) que é a "chefona" por trás da plantação de maconha que movimenta a cidade, logo de cara ela se envolve com seu funcionário Dylan. 
           Outro forte candidato ao posto de personagem mais relevante nessa temporada, mesmo não tendo muitas aparições, é o irmão de Norma, Caleb (Kenny Johnson). Norma o acusa de tê-la estuprado durante a juventude, Caleb reaparece buscando uma redenção. O sujeito recebe de cara o afeto de Dylan, que duvida da história da mãe, já que para ele, ela é de pouco confiança.
            Em geral, a segunda temporada mostrou-se mais como um drama “novelesco” do que como algo que deveria ser o primor dos thrillers. Freddie Highmore segue como um dos destaques e um elemento que realmente se salva de qualquer recriminação. Acredito que Vera Farmiga só não se destaque mais pelo péssimo roteiro. O mistério do desfecho da primeira temporada é esclarecido, mas o desfecho desta temporada reserva outro grande momento. Esperamos que a série volte ao espírito original e finalmente deslanche.

AVISO!! A PARTIR DA PRÓXIMA LINHA HAVERÁ SPOILER! ESTÃO AVISADOS.


           Zane, irmão de Jodi, parecia promissor, mas que TAMBÉM se tornou decepcionante. Da mesma forma que a irmã, ambos foram mortos estranhamente no último episódio. Zane entra na casa de sua irmã atirando em tudo e em todos, atira nela por impulso, mas não tem o mesmo impulso quando chega na frente de Dylan, preferindo aquele velho e chato discurso de morte, para depois receber o mesmo discurso de Romero, tornando a cena lamentável.
           Nick Ford foi outro personagem que parecia promissor e foi embora de maneira decepcionante, sem acrescentar muita coisa na série. Um magnata da cidades, daqueles que mandam na cidade mesmo, teve que apelar para um chantagem, prendendo Norman em um buraco para que Dylan fosse forçado a matar Zane. Ford acabo morto por Dylan, que for acobertado pela lei.
            Os melhores momentos da temporada, assim como os da primeira, são os trechos nos quais os criadores ligam a série à obra-prima Psicose. Pequenos detalhes são notados, como o usa da trilha que muito remete à criada por Bernard Herrmann (responsável pela trilha de Psicose). Fora desta história, temos a triste revelação de que Caleb, o irmão estrupador de Norma, é na verdade o pai de Dylan. :(      
       


           Outro momento que eu AMEI, foi, obviamente, a primeira "aparição" de Norma, ainda em vida, para Norman, no último episódio da temporada. Nessa parte, ele está realizando o teste do polígrafo (conhecido na noite como "Detector de Mentiras") para saber se matou a professora Watson - ato do qual é culpado. Norman tem uma alucinação na qual vê a mãe lhe pedindo que negue o fato, pois quem matou a professora foi ela e não ele. A cena é criativa e faz ligação TOTALMENTE DIRETA com o desfecho clássico do filme. Norman então, que se culpava pelo assassinato da professora, se livra da culpa - já que em sua mente a verdadeira culpada é a sua mãe, a quem protegerá a todo custo.

Gabriela Fogliato

"Nunca se esqueça de quem você é, porque é certo que o mundo não se lembrará. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para magoá-lo."

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